segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O vício. Por que eu?


A dependência química acomete milhões de brasileiros de norte a sul do país. Ela não escolhe raça, credo, posição social ou geografia. Estima-se que 28 milhões de brasileiros têm algum parente viciado em substâncias.

Isso é muito sério!

Os motivos que comumente  podem levar pessoas “normais” à dependência de álcool, tabaco, maconha, cocaína ou crack (drogas mais conhecidas em território nacional) são:
1 – Infância negligenciada;
2 – Transtornos mentais;
3 – Genética;
4 – Ambiente social;
5 – Contato precoce com drogas (incluo as lícitas);
6 – Personalidade com forte presença de traços como impulsividade, compulsão e pouca resiliência.

No meu caso, considero como fatores transtorno mental (depressão) e genética (desde a geração do meu bisavô estão presentes o alcoolismo e o vício em jogos em minha família. É assustadora a quantidade de parentes meus que morreram no alcoolismo. Hoje tenho um tio internado em clínica de recuperação e um usuário cruzado (dependente de várias drogas)).

Comecei a usar a cocaína há três anos. Usava pequena quantidade nas boates, festas, churrascos promovidos por amigos. Nunca havia comprado, sempre me era oferecido e, usar ou não, não fazia muita diferença para mim. Gostava mesmo de beber cerveja.

Com o passar do tempo a droga me ganhou. Em um ano de uso recreativo, usando menos que uma vez por semana, passei a comprar minha droga para estar nas festas. Mas a dose era mínima. Um grama de cocaína da “boa”, que chamamos de “escama de peixe” e custa R$50 dava para eu usar a noite toda e sobrava.

Depois passou a não sobrar...

Eu comprava junto com a galera. Não tinha ainda interação com traficantes ou os “aviõezinhos”. Mas passei a ter. Queria ter a certeza de que iria para a festa e teria a droga para usar na hora que eu quisesse e não quando alguém “colocasse” para mim. Já me atormentava o momento que o efeito passava, o que demora em torno de 30 minutos com a cocaína, e eu não queria estar sem.

Mas a noite acabava e a droga não fazia mais parte da minha vida.

Só que em pouco tempo, após uma perda muito grande em minha vida, comecei a usar para “anestesiar” todo e qualquer tipo de sofrimento. Passei a usar em casa e no trabalho. Depois passei a usar para trabalhar e assim, a cocaína se fazia presente de duas a três vezes por semana.

A frequência com a qual usava aumentava e a quantidade de droga ingerida também. Percebi que estava criando tolerância à substância e esse, esse é o primeiro e mais grave sintoma de que você deixou de usar a droga e passou a ser usado por ela.

Nesse momento ocorreu um episódio que fez chegar à minha família minha realidade. Vamos falar dele no próximo post.


A tolerância à droga é o primeiro e mais grave sintoma de que você deixou de usar a droga e passou a ser usado por ela.

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