A dependência química acomete milhões de brasileiros de
norte a sul do país. Ela não escolhe raça, credo, posição social ou geografia.
Estima-se que 28 milhões de brasileiros têm algum parente viciado em
substâncias.
Isso é muito sério!
Os motivos que comumente podem levar pessoas “normais” à dependência de
álcool, tabaco, maconha, cocaína ou crack (drogas mais conhecidas em território
nacional) são:
1 – Infância negligenciada;
2 – Transtornos mentais;
3 – Genética;
4 – Ambiente social;
5 – Contato precoce com drogas (incluo as lícitas);
6 – Personalidade com forte presença de traços como
impulsividade, compulsão e pouca resiliência.
No meu caso, considero como fatores transtorno mental
(depressão) e genética (desde a geração do meu bisavô estão presentes o alcoolismo
e o vício em jogos em minha família. É assustadora a quantidade de parentes
meus que morreram no alcoolismo. Hoje tenho um tio internado em clínica de
recuperação e um usuário cruzado (dependente de várias drogas)).
Comecei a usar a cocaína há três anos. Usava pequena
quantidade nas boates, festas, churrascos promovidos por amigos. Nunca havia
comprado, sempre me era oferecido e, usar ou não, não fazia muita diferença
para mim. Gostava mesmo de beber cerveja.
Com o passar do tempo a droga me ganhou. Em um ano de uso
recreativo, usando menos que uma vez por semana, passei a comprar minha droga
para estar nas festas. Mas a dose era mínima. Um grama de cocaína da “boa”, que
chamamos de “escama de peixe” e custa R$50 dava para eu usar a noite toda e
sobrava.
Depois passou a não sobrar...
Eu comprava junto com a galera. Não tinha ainda interação
com traficantes ou os “aviõezinhos”. Mas passei a ter. Queria ter a certeza de que iria para a festa e teria a
droga para usar na hora que eu quisesse e não quando alguém “colocasse” para
mim. Já me atormentava o momento que o efeito passava, o que demora em torno de
30 minutos com a cocaína, e eu não queria estar sem.
Mas a noite acabava e a droga não fazia mais parte da minha
vida.
Só que em pouco tempo, após uma perda muito grande em minha
vida, comecei a usar para “anestesiar” todo e qualquer tipo de sofrimento.
Passei a usar em casa e no trabalho. Depois passei a usar para trabalhar e
assim, a cocaína se fazia presente de duas a três vezes por semana.
A frequência com a qual usava aumentava e a quantidade de
droga ingerida também. Percebi que estava criando tolerância à substância e
esse, esse é o primeiro e mais grave sintoma de que você deixou de usar a droga
e passou a ser usado por ela.
Nesse momento ocorreu um episódio que fez chegar à minha
família minha realidade. Vamos falar dele no próximo post.
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